QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO E GRAMÁTICA - 03 - TEXTO E GRAMÁTICA EM PAUTA

quinta-feira, 12 de maio de 2016

QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO E GRAMÁTICA - 03


TEXTO 1

Teste do pescoço revela racismo no Brasil

Faça o teste do pescoço e saiba se existe racismo no Brasil. Aplique o Teste do Pescoço em todos os lugares e depois tire suas próprias conclusões. Questione-se se de fato somos um país pluricultural; uma Democracia Racial. Andando pelas ruas, meta o pescoço dentro das joalherias e conte quantos negros/as são balconistas. Vá em quaisquer escolas particulares, sobretudo as de ponta, espiche o pescoço pra dentro das salas e conte quantos alunos negros/as há. Aproveite, conte quantos professores são negros/as e quantos estão varrendo o chão. Vá a um hospital, tipo Sírio Libanês, enfie o pescoço nos quartos e conte quantos pacientes são negros, meta o pescoço a contar quantos negros médicos há, aproveite para meter o pescoço nos corredores e conte quantos negros/as limpam o chão. Quando der uma volta num Shopping, ou no centro comercial de seu bairro, gire o pescoço para as vitrines e conte quantos manequins de loja representam a etnia negra consumidora. Enfie o pescoço nas revistas de moda, nos comerciais de televisão, e conte quantos modelos negros fazem publicidade de perfumes, carros, viagens, vestuários e etc. Vá às universidades públicas, enfie o pescoço adentro e conte quantos negros há por lá: professores, alunos e serviçais. Gire o pescoço a procurar quantas domésticas, serviçais, faxineiros, favelados e mendigos são de etnia branca. Depois se pergunte qual a causa dos descendentes de europeus ou de orientais não serem vistos embaixo das pontes ou em favelas ou na mendicância ou varrendo o chão. Gire o pescoço 180° nas passeatas dos médicos, em protesto contra os médicos cubanos, e conte quantos médicos/as negros/as marchavam. Agora, meta o pescoço nas cadeias, nos orfanatos, nas casas de correção para menores, conte quantos são brancos, é mais fácil.
Luh de Souza e Francisco Antero

 Publicado em 09/07/13, acesso em 12/04/16, disponível em http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/07/teste-do- pescoco-revela- racismo-no-brasil.html

     1.    Sobre a tese defendida pela autora a respeito do racismo no Brasil, é possível dizer que
A.    Só existe racismo em locais específicos no Brasil
B.    O racismo é um fator de segregação social no país
C.   O Brasil é um país formado em sua maioria por brancos
D.   O racismo brasileiro ocorre, principalmente, por parte dos brancos
E.    O racismo é mais presente em cadeia, em orfanatos e em casas de correção

     2.    O argumento mais consistente usado pela autora para comprovar a ausência de uma democracia racial no Brasil se encontra no trecho
A.    “Vá a um hospital, tipo Sírio Libanês, enfie o pescoço nos quartos e conte quantos pacientes são negros...”
B.    “...gire o pescoço para as vitrines e conte quantos manequins de loja representam a etnia negra consumidora...”
C.   “Vá às universidades públicas, enfie o pescoço adentro e conte quantos negros há por lá: professores, alunos e serviçais...”
D.   “Gire o pescoço 180° nas passeatas dos médicos, em protesto contra os médicos cubanos, e conte quantos médicos/as negros/as marchavam...”
E.    “Agora, meta o pescoço nas cadeias, nos orfanatos, nas casas de correção para menores, conte quantos são brancos, é mais fácil.”

     3.    Em se tratando da estrutura tipológica do texto 1, conclui-se que
I.              Há apenas a tipologia argumentativa
II.            O texto é predominantemente narrativo
III.           O texto é argumentativo e injuntivo

A.    Somente o item I é correto
B.    Somente o item II é correto
C.   Somente o item III é correto
D.   Somente os itens II e III são corretos
E.    Todos os itens são corretos

     4.    Partindo do pressuposto de que as funções da linguagem estão relacionadas à forma como cada indivíduo organiza sua intenção comunicativa na interação linguística, analise o texto 1 e marque o que for correto
I.              Uma das funções presentes no texto é a referencial, já que destaca o assunto ao qual o fragmento se refere: o racismo no Brasil.
II.            Pelo fato do texto está todo estruturado em verbos no modo imperativo, há também características da função conativa da linguagem
III.           A função que predomina no texto 1 é a emotiva porque apela para a emoção do destinatário
IV.          Há a presença da função fática no texto 1, uma vez que o objetivo do texto é estabelecer a comunicação com o interlocutor

A.    Somente os itens I e II são corretos
B.    Somente os itens II e III são corretos
C.   Somente os itens I e III são corretos
D.   Somente os itens III e IV são corretos
E.    Somente os itens I e IV são corretos

TEXTO 2

Cem anos depois, sertão do Ceará guarda histórias da seca de 1915

Chegou a desolação da primeira fome. Vinha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos sacos vazios, na descarnada nudez das latas raspadas. A descrição de uma das mais severas secas no Ceará é do livro “O Quinze”, da escritora cearense Rachel de Queiroz.
No sertão do início do século passado, a seca chamou a atenção da jovem escritora Rachel de Queiroz, que na época tinha apenas 20 anos de idade, e surpreendeu ao descrever tão bem o drama do sertanejo.
"A grande ajuda, a grande filantropia da Rachel foi registrar aquilo de forma tão bela. Quer dizer, ela redimiu aquela situação. O que a literatura pode fazer em relação à humanidade é a redenção, mostrar as coisas mais sofridas, redimindo, transformando aquilo em arte e dando uma dignidade a toda aquela situação, a todos aqueles personagens. Mostrando quem pode ser aqueles personagens, mostrando quem são realmente porque a ficção permite penetrar naquela realidade que o documento, muitas vezes, não consegue penetrar”, afirma a escritora Ana Miranda.
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2015/03/cem-anos-depois-sertao-do-ceara-guarda-historias-da-seca-de-1915.html

     5.    Infere-se do texto 2 que
A.    Aborda, como temática principal, a biografia de Rachel de Queiroz
B.    Usa, predominantemente, uma linguagem literária para falar do drama da seca
C.   Demonstra uma mudança no cenário da seca no sertão após um ciclo de 100 anos.
D.   Objetiva, prioritariamente, informar sobre a seca de 1915 que assolou o sertão cearense
E.    Utiliza elemento do fazer literário, em uma linguagem não literária, para abordar a temática da seca

TEXTO 3



     6.    É possível dizer que a imagem 1 e a imagem 2
A.    Amparam a redução da maioridade de 18 para 16 anos no Brasil
B.    Indicam argumentos consistentes para a redução da maioridade penal
C.   Ideologicamente, compactuam com a redução da maioridade penal no Brasil
D.   Defendem um mesmo ponto de vista a respeito da temática da redução da maioridade penal
E.    Respectivamente, apontam elementos contrários e favoráveis ao tema da redução da maioridade penal brasileira

TEXTO 4

A Flor e a Náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

 Carlos Drummond de Andrade, Antologia Poética – 12a edição – Rio de Janeiro: José Olympio, 1978, ps. 14,15 e 16

     7.    A obra de Carlos Drummond de Andrade é sedimentada em múltiplos temas e numa riqueza de expressão que definem a sua poética. Em relação à análise interpretativa do poema em estudo, só não se pode afirmar que
A.    Existe uma espécie de militância por parte da voz que fala no texto
B.    A mudança social, enquanto ideal, aparece como uma forma de redenção para o eu lírico
C.   Há uma consciência política em relação ao contexto histórico no qual o eu lírico está inserido
D.   O eu lírico se sente responsável pelo mundo mal feito, enquanto ligado a uma classe opressora.
E.    Os elementos sociopolíticos que permeiam o poema em estudo o desagregam do lirismo próprio do fazer poético

     8.    O verso cromático “...vou de branco pela rua cinzenta...” traduz
I.              Uma espécie de confronto social
II.            A desarmonia entre o eu lírico e o ambiente.
III.           Uma antítese semântica entre o BRANCO e o CINZA

A.    Todos os itens estão corretos
B.    Somente o item I é correto
C.   Somente o item II é correto
D.   Somente o item III é correto
E.    Somente os itens I e II são corretos

     9.    De acordo com a lógica do poema, o verso que melhor representa a NÁUSEA é
A.    “Devo seguir até o enjoo?”
B.    “O tempo é ainda de fezes...”
C.   “Vomitar esse tédio sobre a cidade.”
D.   “Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
E.    “O sol consola os doentes e não os renova.”

    10.  A FLOR E A NÁUSEA, publicado em 1945, no livro A ROSA DO POVO contextualiza uma época marcada por crises fenomenais, como a Segunda Guerra Mundial e, mais especificamente no Brasil, a Ditadura Vargas. Portanto, a flor e a náusea são, respectivamente, metáforas para

A.    A primavera e o nojo
B.    A parcimônia e o mal-estar
C.   A esperança e a repugnância
D.   A expectativa e o desconforto
E.    A confiança e a incredulidade

GABARITO
1.B
2.E
3.C
4.A
5.E
6.E
7.E
8.A
9.D
10.C

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