QUESTÕES SOBRE O LIVRO "A MEMÓRIA DAS COISAS" - TEXTO E GRAMÁTICA EM PAUTA

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

QUESTÕES SOBRE O LIVRO "A MEMÓRIA DAS COISAS"


Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?                                      
        Um apólogo, Machado de Assis.

Os objetos contam suas histórias

Marília Lovatel lança ‘A Memória das Coisas’, coletânea de contos baseado em memórias próprias e emprestadas
LITERATURA. ESPAÇO O POVO 21/11/2015

Sobre A Memória das Coisas, Marília afirma que é um livro subjetivo sobre memórias afetivas. “Os objetos estão no foco dessas lembranças e podem ser lidos em separado. Mas, se observados no conjunto, eles contam a história de três gerações de uma mesma família”, conta a escritora.
A Memória das Coisas traz 27 contos, alguns baseados nas vivências de Lovatel, e outras “emprestadas”, como ela mesma coloca. O título do livro foi escolhido a partir de um novo olhar sobre esses objetos. “Assim que me dei conta de que eles narravam suas histórias-memórias, resolvi usá-los para nomear a obra”, completa. Para ela, A Memória das Coisas é “um livro especial, com um coração pulsando dentro”.

1.    As narrativas em A Memória das Coisas são interdependentes na medida em que cada história é contada de forma autônoma; mas, ao mesmo tempo, tem uma linearidade temática que entrelaça os enredos.

a)    Transcreva uma passagem da reportagem que confirme essa interdependência narrativa.


b)    A principal característica na construção de A Memória das Coisas é a prosopopeia, figura de linguagem em que se atribui a seres irracionais ou a objetos inanimados, ações, qualidades e sentimentos que são próprios dos seres humanos. Portanto, explique como a autora Marília Lovatel justifica a construção da narrativa a partir dessa figura de pensamento.



2.    A Memória das Coisas traz 27 contos, alguns baseados nas vivências de Lovatel, e outras “emprestadas”
a)    Tendo por base esse trecho da reportagem, podemos afirmar que A Memória das Coisas é um livro baseado apenas de narrativas pessoais? Justifique.

b)    As memórias, os sentimentos, as emoções são marcantes na narrativa em estudo de Marília Lovatel? Comprove com elementos do texto.

Trecho 1
            (...)
Qualquer que fosse a explicação, eu não precisava saber. Minha obrigação é levar o que me mandam. Mas, enquanto recebo a carga, não contenho os meus pensamentos.
Entendi, naquela hora, no olhar vazio do dono da casa, que não eram somente os objetos, eram as histórias, as vidas que eu levava. Fui tomado por uma forte emoção, por uma sensação que eu desconhecia.
O caminhão, p. 14.

3.    No início do livro, há o relato de um caminhão que, fugindo de sua função habitual, “...meu costume é transportar os lavradores e os cortadores para a fazenda”, é chamado para fazer a mudança de uma família. A partir desse trecho, coloque verdadeiro ou falso nas assertivas que seguem.

(  ) A autora utiliza  a estratégia do antropomorfismo na construção do caminhão permitindo que o veículo tenha voz, atividade, sensação e sinta emoções.
(   ) A subjetividade é bastante evidente no trecho, uma vez que o caminhão vai além de sua obrigação e faz juízos de valor sobre o ambiente que o cerca
(   ) O caminhão não se preocupa com as possíveis razões da mudança e cumpre sua obrigação de forma imparcial e objetiva
(    ) A linguagem empregada pela autora, nas reflexões do caminhão, é uma forma de animismo, revelando o envolvimento emocional do veículo a partir do olhar do dono da casa.
(   ) O caminhão não gostava de fazer mudanças, pois gostava mesmo era do trabalho na fazenda

 


Trecho 2
      (...)
Eu me perdia em possibilidades, quando meu sonho ensolarado chegou ao fim. A volta ao baú. A tampa descendo sobre nós. O destino também descera sobre a jovem, escondendo-a num corpo que não conhecíamos.
Um dia fomos livres.
A sombrinha, p.20

4.    Coloque CERTO ou ERRADO em relação à cumplicidade que existia entre os objetos e as pessoas da casa.
(____________) A narrativa feita sob a óptica dos objetos deixa as pessoas em segundo plano
(____________) O foco narrativo em primeira pessoa permite que os objetos tenham pontos de vista sobre as pessoas e não o contrário.
(____________) O subjetivismo que permeia a narrativa possibilita que os objetos fortaleçam laços afetivos com as pessoas da casa
(____________) Por esse trecho, é possível perceber que as pessoas da casa se desfizeram dos objetos por serem obsoletos.
(____________) O pronome “nós” e o advérbio “também” demarcam, no trecho, a cumplicidade entre a sombrinha e a jovem

5.    O narrador, em cada conto, é autodiegético, ou seja, é o personagem principal que relata, em primeira pessoa, as suas experiências pessoais. Em A Memória das Coisas, esses personagens, animicamente, vão relatando suas vivências uma a uma como a desenovelar um grande novelo. Assim sendo, correlacione os narradores que seguem às particularidades que apresentam nas narrativas

(A) Objeto do pai mantido com o filho                        (   ) O rádio
(B) Peça antiga que virou ícone de moda                  (   ) O diário
(C) Percebeu a crise conjugal de seu dono               (   ) A aliança
(D) Distração e companhia para o sapateiro              (   ) A tesoura
(E) Testemunha de todos os sonhos da estilista        (   ) O camafeu
(F)  Objeto que padecia de uma crise de identidade   (   ) O caleidoscópio


Trecho 3
As raízes mineiras estavam por toda a parte. Nas panelas de pedra-sabão e alça de cobre, no fogão à lenha, nos azulejos. A tradição e a fé muito valorizadas pela família. Não era de se estranhar que eu, um oratório do século XVIII, fosse tratado com tanto respeito e merecesse um cômodo inteiro
O oratório, p.27.

6.    A religiosidade e a regionalidade da família aparecem bastante demarcadas nesse capítulo. Portanto, escreva SIM ou NÃO em relação ao desenrolar dos fatos a partir dos relatos do oratório.
(_________) Após o casal ir dormir, um incêndio tomou conta do oratório
(_________) O marido, ao tentar apagar o incêndio, morrera carbonizado
(_________) O motivo do incêndio fora uma vela deixada acessa no local de orações.
(_________) A mulher sobrevivera, pois, milagrosamente, foi salva por ficar trancada no oratório
(_________) Naquela noite, o casal estava nostálgico, pois o rádio, inexplicavelmente, começou a tocar músicas dos anos 40.



Trecho 4
Meu benfeitor me ligou na tomada. Senti a eletricidade correr pelos circuitos como sangue que circula nas veias, espalhando calor, vida.
O rádio, p. 23.

7.    Por meio das caracterizações e peculiaridades, aponte que narrador-personagem é destacado nos itens abaixo.
a)    De mogno Chippeandale, uma peça original ______________________________
b)    Foi dada ao genro do fazendeiro _______________________________________
c)    Parte de uma obra de arte ____________________________________________
d)    Companheiro de leituras _____________________________________________
  

·         O poema abaixo servirá de base para responder à questão 8

Poesia matemática
Às folhas tantas 
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia 
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
(...)
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação 
traçando 
ao sabor do momento
e da paixão.
(...)
Millôr Fernandes,"Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954.

8.    Traçando um paralelo comparativo entre a construção de A Memória das Coisas e o poema de Millôr Fernandes, pode-se afirmar que
(   ) Em ambas as obras, há uma construção prosopopeica
(   ) Os textos são construídos por meio de uma prosa poética
(   ) A obra de Marília Lovatel é uma prosa; a de Millôr Fernandes é um poema.
(   ) No poema de Millôr Fernandes, a prosopopeia é representada, principalmente, nas iniciais maiúscula, como em “Quociente” e “Hipotenusa”.
(   ) Na obra de Lovatel, o recurso estilístico da prosopopeia é marcado, em especial, pelo narrador-personagem, contando, ele próprio - animicamente - suas desventuras.
  

  

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