TEXTO E GRAMÁTICA EM PAUTA: 2018

quarta-feira, 27 de junho de 2018

QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO GÊNERO CARTA


O lendário país do recall
Fazer alguma coisa? Mas fazer o quê? Liloca tinha uma resposta: vamos tomar o poder. Vamos nos apossar do país do recall

Leitora manda boneca para recall e não a recebe de volta. "Como explicar para uma criança que seus brinquedos foram embora há três meses e não voltaram?

Cotidiano, 18 de fevereiro de 2008.
Minha querida dona,

Quem lhe escreve sou eu, a sua fiel e querida boneca, que você não vê há três meses. Sei que você sente muitas saudades, porque eu também sinto saudades de você. Lembro de você me pegando no colo, me chamando de filhinha, me dando papinha... Você era, e é, minha mãezinha querida, e é por isso que estou lhe mandando esta carta, por meio do cara que assina esta coluna e que, sendo escritor, acredita nas coisas da imaginação.
Posso lhe dizer, querida, que vivi uma tremenda aventura, uma aventura que em vários momentos me deixou apavorada. Porque tive de viajar para o distante país do recall.
Aposto que você nem sabia da existência desse lugar; eu, pelo menos, não sabia. Para lá fui enviada. Não só eu: bonecas defeituosas, ursinhos idem, eletrodomésticos que não funcionavam e peças de automóvel quebradas. Nós todos ali, na traseira de um gigantesco caminhão que andava, andava sem parar.
Finalmente chegamos, e ali estávamos, no misterioso e, para mim, assustador país do recall. Um homem nos recebeu e anunciou, muito secamente, que o nosso destino em breve seria traçado: as bonecas (e os ursinhos, e outros brinquedos, e objetos vários) que tivessem conserto seriam consertados e mandados de volta para os donos; quanto tempo isso levaria era imprevisível, mas três meses era o mínimo. Uma boneca que estava do meu lado, a Liloca, perguntou, com os olhos arregalados, o que aconteceria a quem não tivesse conserto. O homem não disse nada, mas seu sorriso sinistro falava por si.
Passamos a noite num enorme pavilhão destinado especialmente às bonecas. Éramos centenas ali, algumas com probleminhas pequenos (um braço fora do lugar, por exemplo), outras já num estado lamentável. Estava muito claro que para várias de nós não haveria volta.
Naquela noite conversei muito com minha amiga Liloca - sim, querida dona, àquela altura já éramos amigas. O infortúnio tinha nos unido. Outras bonecas juntaram-se a nós e logo formamos um grande grupo. Estávamos preocupadas com o que poderia nos suceder.
De repente, a Liloca gritou: "Mas gente, nós não somos obrigados a aceitar isso! Vamos fazer alguma coisa!". Nós a olhamos, espantadas: fazer alguma coisa? Mas fazer o quê?
Liloca tinha uma resposta: vamos tomar o poder. Vamos nos apossar do país do recall.
No começo, aquilo nos pareceu absurdo. Mas Liloca sabia do que estava falando. A mãe da dona dela tinha sido uma militante revolucionária e sempre falava nisso, na necessidade de mudar o mundo, de dar o poder aos mais fracos.
Ora, dizia Liloca, ninguém mais fraco do que nós, pobres, desamparados e defeituosos brinquedos. Não deveríamos aguardar resignadamente que decidissem o que fazer com a gente.
De modo, querida dona, que estamos aqui preparando a revolução. Breve estaremos governando o país do recall. Mas não se preocupe, eu a convidarei para uma visita. Você poderá vir a qualquer hora. E não precisará de recall para isso.
Moacyr Scliar 
Folha de S. Paulo (SP) 25/2/2008.

1.    A partir do propósito do texto em estudo, é possível afirmar que
A.   o gênero carta foi usado como uma instrução de reclamação.
B.   a carta foi escrita como forma de reclamação para uma fábrica de recall
C.   a carta foi destinada à Liloca, boneca de uma fábrica de brinquedos.
D.   “Cotidiano” é o vocativo usado na carta para se referir ao destinatário.
E.   a carta foi escrita a uma criança com a finalidade de lhe dizer sobre o destino de sua boneca.

2.    Naquela noite conversei muito com minha amiga Liloca - sim, querida dona, àquela altura já éramos amigas. O infortúnio tinha nos unido.”
A palavra destacada se refere à (ao)
A.   saudade de sua dona.
B.   descaso do setor de recall.
C.   preparação para a revolução.
D.   possibilidade de não ter conserto.
E.   desdém do funcionário da fábrica.

3.    Dentro das possibilidades do discurso do texto, uma boneca escreve à sua dona para fazer uma reclamação cujo desfecho pode ser sintetizado pela máxima
A.   “Em terra de cego, que tem um olho é rei.”
B.   “É preciso ver a vida com os olhos de uma criança.”
C.   “O coração tem razões que a própria razão desconhece.”
D.    “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
E.   “Trabalhadores do mundo, uni-vos, vós não tendes nada a perder!”

·         Texto para a questão 4

Trecho da carta de Pero Vaz de caminha ao Rei D. Manuel.
De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.
Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.

4.    A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, “Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente”, o emissor da carta se refere à (ao)
A.   respeito à cultura nativa local.
B.   pobreza na qual os povos nativos viviam.
C.   ausência de trabalho por parte dos índios.
D.   transmissão do conhecimento aos povos indígenas.
E.   aculturação e à doutrinação por meio da catequese.

Carta de Olívia a Eugênio

Parte 1

Meu querido,
(...)
Quero falar de ti. Hoje tens tudo quanto sonhava: posição social, dinheiro, conforto, mas no fundo te sentes ainda bem como aquele Eugênio indeciso e infeliz, meio desarvorado e amargo que subia as escadas do edifício da faculdade, envergonhado de sua roupa surrada. Continuou em ti a sensação de inferioridade, o vazio interior, a falta de objetivos maiores. Começas agora a pensar no passado com uma pontinha de saudade, com um pouquinho de remorso. Tens tido crises de consciência, não é mesmo? Pois ainda passarás horas mais amargas e eu chego até a amar o teu sofrimento, porque dele, estou certa, há de nascer o novo Eugênio.
Uma noite me disseste que Deus não existia porque em mais de vinte anos de vida não O pudeste encontrar. Pois até nisso se manifesta a magia de Deus. Um ser que existe, mas é invisível para uns e mal perceptível para outros e duma nitidez maravilhosa para os que nasceram simples ou adquiriram simplicidade por meio do sofrimento ou duma funda compreensão da vida. Dia virá em que em alguma volta de teu caminho há de encontrar Deus. Um amigo meu, que se dizia ateu, nas noites de tormenta desafiava Deus, gritava para as nuvens, provocando o raio. Deus é tão poderoso que está presente até nos pensamentos dos que dizem não acreditar na sua existência. Nunca encontrei um ateu sereno. Eles se preocupam tanto com Deus como o melhor dos deístas.
O argumento mais fraco que tenho contra o ateísmo é que ele é absolutamente inútil e estéril; não constrói nada, não explica nada, não leva a coisa nenhuma.
Se soubesses como tenho confiança em ti, como tenho certeza na tua vitória final. Deixo-te Anamaria e fico tranquila. Já estou vendo vocês dois juntos e muito amigos na nova vida, caminhando de mãos dadas. Pensa apenas nisto: há nela muito de mim e principalmente muito de ti. Anamaria parece trazer escrito no rosto o nome do pai. É uma marca de Deus, Genoca, compreende bem isto. Vais continuar nela: é como se te fosse dado modelar, com o barro de que foste feito, um novo Eugênio.

5.    A carta é um gênero textual que pode apresentar diversas finalidades. Nela, o texto reflete as intenções do remente ao destinatário.
Em se tratando da primeira parte da Carta de Olívia a Eugênio, é possível perceber que a intenção da remetente é
A.   pedir satisfações.
B.   vingar-se de Eugênio.
C.   detalhar sua atual condição de saúde.
D.   cobrar a convivência de Eugênio com a filha.
E.   demonstrar seus argumentos sobre as escolhas de Genoca.

6.    Pelos elementos descritos na carta, as concepções de Eugênio e Olívia eram
A.   díspares
B.   análogas
C.   equânimes
D.   harmônicas
E.   equivalentes

Parte 2
Quando eu estava ainda em Nova Itália. Li muitas vezes o teu nome ligado ao do teu sogro em grandes negócios, sindicatos, monopólios e não sei mais quê. Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época. Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?
Quero que abra os olhos, Eugênio, que acorde enquanto é tempo. Peço-te que pegues a minha Bíblia que está na estante de livros, perto do rádio, leias apenas o Sermão da Montanha. Não te será difícil achar, pois a página está marcada com uma tira de papel. Os homens deviam ler e meditar esse trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo que não trabalham nem fiam e, no entanto, nem Salomão em toda sua glória jamais se vestiu como um deles.
Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.
Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, ou que ache que o povo devia viver narcotizado pela esperança da felicidade na “outra vida”. Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços enquanto os aproveitadores sem escrúpulos engendram os monopólios ambiciosos, as guerras e as intrigas cruéis. Temos de fazer-lhes frente. É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência e sim com as do amor e da persuasão. Considera a vida de Jesus. Ele foi antes de tudo um homem de ação e não um puro contemplativo.
Quando falo em conquista, quero dizer a conquista duma situação decente para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação.
E quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo. Refiro-me, sim, à aceitação da luta necessária, do sofrimento que essa luta nos trará, das horas amargas a que ela forçosamente nos há de levar.
(...)
Adeus. Sempre aborreci as cartas de romance que terminam de modo patético. Mas permite que eu escreva.
                                                                                 Tua para a eternidade.
                                                                                 Olívia

·         Texto que servirá de base para responder à questão 7
A filosofia cínica
Os cínicos gregos e romanos clássicos tinham a virtude como a necessidade única para a alcançar a felicidade, e seguiram a filosofia cegamente, negligenciando tudo que não promovesse a perfeição da virtude e não permitisse chegar à felicidade. O termo cínico, derivado do grego que significa cão, era usado porque os cínicos negligenciavam a sociedade, a família e o dinheiro, entre outras coisas, de forma semelhante à um cão.
Os cínicos viviam rejeitando valores sociais, poder, fama e dinheiro, desacreditando que isso poderia trazer a felicidade verdadeira. A ganância, para eles, era vista como uma forma de sofrimento, assim como alguns outros comportamentos que criticavam.
Disponível em https://www.estudopratico.com.br/cinismo/. Acesso em 18.jun.2018.

7.    O diálogo entre a parte 2 da carta de Olívia e a Filosofia cínica se dá, principalmente, no trecho
A.   . Li muitas vezes o teu nome ligado ao do teu sogro em grandes negócios, sindicatos, monopólios e não sei mais quê.
B.   E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.
C.   Quero que abra os olhos, Eugênio, que acorde enquanto é tempo.
D.   Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia
E.   Quando falo em conquista, quero dizer a conquista duma situação decente para todas as criaturas humanas

8.    O principal objetivo da carta encontra-se no item
A.   Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura.
B.   Os homens deviam ler e meditar esse trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo
C.   Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu.
D.   Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções.
E.   E quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

REDAÇÃO NOTA 1000


A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema O combate às fake News no Brasil contemporâneo, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
Fake news são notícias falsas, mas que aparentam ser verdadeiras
Não é uma piada, uma obra de ficção ou uma peça lúdica, mas sim uma mentira revestida de artifícios que lhe conferem aparência de verdade. Fake news não é uma novidade na sociedade, mas a escala em que pode ser produzida e difundida é que a eleva em nova categoria, poluindo e colocando em xeque todas as demais notícias, afinal, como descobrir a falsidade de uma notícia? No geral não é tão fácil descobrir uma notícia falsa, pois há a criação de um novo “mercado” com as empresas que produzem e disseminam Fake News constituindo verdadeiras indústrias que “caçam” cliques a qualquer custo, utilizando-se de todos os recursos disponíveis para envolver inúmeras pessoas que sequer sabem que estão sendo utilizadas como peça chave dessa difusão. Infelizmente é muito comum o uso das primeiras vítimas como uma espécie de elo para compor uma corrente difusora das Fake News. Assim, aquelas pessoas que de boa-fé acreditaram estar em contato com uma verdadeira notícia, passam – ainda que sem perceber – a colaborar com a disseminação e difusão dessas notícias falsas. Mas não é impossível detectá-las e combatê-las, há técnicas e cuidados que colaboram para mudar este cenário, sendo a educação digital uma ferramenta para fortalecer ainda mais a liberdade de expressão e o uso democrático da internet.
http://portal.mackenzie.br/fakenews/noticias/arquivo/artigo/o-que-e-fake-news/ Acesso em 21. Mar. 2018.

TEXTO II

A morte da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, agredida por dezenas de moradores de uma comunidade em Guarujá, no litoral de São Paulo, pode mobilizar a criação de uma lei que puna emissores de falsas informações em perfis da internet. Ela morreu no dia 5 de maio após ficar dois dias internada no Hospital Santo Amaro. Fabiane foi atacada por uma multidão depois da publicação de um retrato falado em uma página no Facebook de uma mulher que realizava rituais de magia negra com crianças sequestradas.


Mundo digital: era da (des)informação.

“O rumor é a mais veloz das pragas malignas”, escreveu Virgílio, no épico Eneida. Platão, na República, apregoou a disseminação de falsidades como necessárias para o poder dos déspotas. Propagandas falsas custaram a cabeça da rainha Maria Antonieta, da França. As fakes News ou pós-verdades são notícias falsas que já permeiam a sociedade desde tempos remotos; contudo, hoje, com a celeridade do mundo digital, a era da informação é ameaçada por essas notícias tendenciosas as quais prestam um verdadeiro desserviço à sociedade.
Nesse novo contexto, as fake News são usadas para vários fins – do pessoal ao político – aparecendo, portanto, no Brasil contemporâneo, como uma poderosa arma de influência das massas, corroborando um cenário preocupante: a urgente necessidade de se educar para o mundo digital, sob o risco de transformar a era da informação no século da desinformação.
Em se tratando dessa problemática, convém ainda enfatizar que o advento do Marco Civil, em 2014, aparece como um elemento balizador, sobretudo no que concerne aos  princípios, às garantias, aos direitos e aos deveres para quem usa a rede, bem como à determinação de diretrizes para a atuação do Estado, uma vez que, antes dessa legislação, o mundo digital era tachado de “terra sem lei”, fomentando a impunidade na seara virtual. Não obstante à Lei, é imprescindível ressaltar que é fundamental uma articulação entre os três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) para que o Marco Civil seja percebido na prática e, em especial a essa contextualização, no combate à disseminação das fake news.
Logo, urge que o Governo Federal, em coparticipação com o Ministério das Telecomunicações, viabilize uma maior popularização do Marco Civil, que seria essencial para a orientação e para o esclarecimento da sociedade no tocante às fake news, por meio de “merchandising” social nas telenovelas ou mesmo via propaganda no horário nobre, a fim de tornar ciente à população quanto aos seus diretos e deveres no contexto da esfera virtual. Ademais, ao Ministério da educação, em parceria com as Secretarias Estaduais de Educação, caberia o viés educativo, trazendo à baila essa problemática em discussões, em seminários, em mesas-redondas, principalmente, nas aulas de ciências humanas, fundamentais à construção da formação do cidadão. Portanto, plagiando Malala, ativista paquistanesa, uma criança, um professor, um livro, uma caneta e “um clique” podem mudar o mundo.



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

PROPOSTA DE REDAÇÃO PARA O ENEM - 63


A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema Intervenção militar: o melhor caminho para combater a violência no Brasil? apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto 1
Governo federal decreta intervenção na Segurança Pública do Rio
Com a intervenção, as Forças Armadas assumem a responsabilidade do comando das Polícias Civil e Militar no estado. 'Governo dará respostas duras e firmes', afirmou Temer.

23h08
16/02/2018
BRASÍLIA - Excluindo o trecho em que citou a reforma da Previdência, o presidente Michel Temer fez pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, na noite desta sexta-feira, 16, repetindo o discurso usado à tarde na cerimônia de assinatura do decreto de intervenção na segurança do Rio. Na fala gravada, o presidente reforçou que a segurança pública deve ser a nova bandeira de seu governo.

23h09
16/02/2018
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, divulgou comunicado interno nesta sexta-feira, 16, no qual informa sobre a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. No texto, o general diz entender que a "a solução exigirá comprometimento, sinergia e sacrifício dos poderes constitucionais, das instituições e, eventualmente, da população". 

23h10
16/02/2018
Já sob intervenção federal na área da segurança pública, o Rio continua sendo palco de arrastões e outros crimes. Menos de sete horas depois que o presidente Michel Temer (MDB) assinou o decreto que instituiu a intervenção, uma ocorrência policial interditou a Avenida Brasil, principal via de acesso à capital fluminense, na altura do Caju (zona norte), por volta das 20h desta sexta-feira (16).
Disponível em http://www.estadao.com.br/ao-vivo/intervencao-rio. Acesso em 19.fev.2018.
  

Texto 2


Texto 3

Ditadura militar no Brasil ou Quinta República Brasileira
Foi o regime instaurado em 1 de abril de 1964 e que durou até 15 de março de 1985, sob comando de sucessivos governos militares. De caráter autoritário e nacionalista, teve início com o golpe militar que derrubou o governo de João Goulart, o então presidente democraticamente eleito. O regime acabou quando José Sarney assumiu a presidência, o que deu início ao período conhecido como Nova República (ou Sexta República). Apesar das promessas iniciais de uma intervenção breve, a ditadura militar durou 21 anos. Além disso, o regime pôs em prática vários Atos Institucionais, culminando com o Ato Institucional Número Cinco (AI-5) de 1968, que vigorou por dez anos. A Constituição de 1946 foi substituída pela Constituição de 1967 e, ao mesmo tempo, o Congresso Nacional foi dissolvido, liberdades civis foram suprimidas e foi criado um código de processo penal militar que permitia que o Exército brasileiro e a Polícia Militar pudessem prender e encarcerar pessoas consideradas suspeitas, além de impossibilitar qualquer revisão judicial.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

PROPOSTA DE REDAÇÃO PARA O ENEM - 62



A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema O transgênero em questão na sociedade brasileira: vantagens ou direitos? Apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Texto 1
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

Texto 2

http://operamundi.uol.com.br/dialogosdosul/2030-e-o-momento-da-igualdade-de-genero/08042015/


Texto 3
Divisão no esporte deve ser por gênero ou sexo?
Caso da jogadora de vôlei Tiffany impulsionou debate sobre regras para transgêneros no esporte. Antropólogos e médicos ressaltam complexidade da questão e dificuldade de definir critérios

O caso da jogadora Tiffany Abreu, a primeira transgênero a atuar na Superliga feminina de vôlei, vem causando polêmica. A recente contratação da atleta pelo Bauru, autorizada pela comissão médica da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), desencadeou um debate sobre a possível vantagem de uma transgênero, nascida homem, sobre as demais jogadoras e os critérios adotados em casos como esse.
Hoje o Comitê Olímpico Internacional (COI) permite a participação em competições de pessoas que passaram do gênero masculino para o feminino desde que sejam observadas algumas condições, como nível de testosterona abaixo de 10 nanomol/litro nos últimos 12 anos e que a atleta se declare como do gênero feminino há pelo menos quatro anos. Já para os transgêneros que fizeram a transição do feminino para o masculino não há qualquer restrição.
As regras, no entanto, podem variar de esporte para esporte, de organização para organização e de país para país. Segundo Eric Anderson, professor de esporte, masculinidade e sexualidade na Universidade de Winchester e um dos organizadores do livro Atletas transgêneros em esportes competitivos, essa é uma questão complexa. "A mera presença de atletas transgêneros questiona a divisão de gênero binária sobre a qual o esporte se estabelece."
Para o endocrinologista Guilherme Almeida Rosa, professor da Unirio e especialista de tratamento de transgêneros, um ponto-chave para discutir a questão é o critério para divisão dos times. "O vôlei é feminino, não de mulheres. É uma questão de gênero, não é só uma questão de sexo. Essa pessoa não pode competir no masculino porque ela é feminina, ela é uma transgênero feminino", afirma.
Regras justas?
Tiffany nasceu homem, mas hoje se identifica com o gênero feminino. Ela passou por cirurgia de adequação sexual e tratamento hormonal, isto é, a testosterona produzida por seu corpo foi bloqueada, e ela passou a utilizar o hormônio feminino estrogênio. Entre as mudanças provocadas pelo tratamento estão a diminuição da massa muscular e da força, a redistribuição da gordura corporal, o crescimento dos seios e o atrofiamento dos testículos.
Apesar de estar dentro das regras atuais, a participação esportiva de Tiffany não é consenso. Em dezembro de 2017, a ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel questionou em tuíte que tal permissão não seria justa porque Tiffany só começou o tratamento hormonal após a puberdade e, portanto, chegou a desenvolver características masculinas.
Segundo Almeida, o processo de feminização geralmente dura de três a cinco anos e, mesmo depois de concluído, isso não significa que o tratamento hormonal tenha que ser interrompido.
O endocrinologista explica que, apesar das mudanças provocadas pela terapia hormonal, características como a estrutura óssea não se alteram. No entanto, para afirmar que Tiffany levaria vantagem por ter mais resistência física e mais força, seria preciso apresentar dados e compará-los com a resistência força física das demais jogadoras.
Nesse caso, se a força e resistência da atleta transgênero for superior, o especialista defende que ela passe por um período de adequação da sua composição corporal e das suas capacidades físicas, para além da regulação de testosterona.
A pesquisadora em antropologia social Barbara Pires, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que há outros fatores, além dos hormonais, gerando desigualdades entre as atletas, desde amparo técnico e qualidade dos centros esportivos até alimentação e suplementos nutricionais. "É muito difícil para a própria literatura médica entender como tudo está envolvido, e não só o hormônio determina tal característica."
(...)

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

PROPOSTA DE REDAÇÃO PARA O ENEM - 61


A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema As letras de músicas atualmente no Brasil: os limites entre liberdade de expressão e censura, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I
Spotify removerá música após acusação de apologia ao estupro
O Spotify informou hoje (17) que a música “Só surubinha de leve”, de autoria de MC Diguinho, será excluída da sua plataforma de streaming nas próximas horas. A faixa vem sendo acusada de fazer apologia ao estupro e é duramente criticada no YouTube e em publicações diversas nas redes sociais.
Até o momento, contudo, a música ainda está disponível para execução no Spotify e vem com a marcação de “Explícito”, indicando que o conteúdo é sugestivo de alguma maneira. Remover músicas do catálogo é algo bastante incomum para o Spotify, o que torna a situação do MC ainda mais grave. Por outro lado, uma das postagens com o áudio da música no YouTube, entretanto, já tem mais de 14 milhões de visualizações. A publicação original da faixa foi feita em dezembro de 2017.
Contatamos a distribuidora da música 'Só surubinha de Leve' a respeito do ocorrido e, fomos informados que a faixa será retirada da plataforma nas próximas horas, uma vez que o tema foi trazido à nossa atenção. A música está atualmente no Top Viral, pois teve um pico de consumo nos últimos dias. O catálogo do Spotify é abastecido por centenas de milhares de gravadoras, artistas e distribuidoras em todo o mundo. Eles são devidamente avisados sobre nossas diretrizes e são responsáveis pelo conteúdo que entregam", informou o Spotify em comunicado oficial.




Texto II

Disponível em https://jornalismoibmec.wordpress.com/2014/05/31/348/. Acesso em 30.jan.2018.

Texto III
Especialistas dizem que 'Só surubinha de leve' não configura apologia ao estupro
Funk do MC Diguinho foi banido das plataformas de streaming na quinta-feira após texto de internauta, que o condenava, viralizar

Na música “Só surubinha de leve”, que, até o início da tarde de quinta-feira, liderava a lista de sucessos virais do Spotify, o funkeiro caxiense MC Diguinho sugere, com idioleto para lá de vulgar, que o ouvinte alcoolize mulheres e depois as abandone na rua. A canção gerou debate intenso nas redes sociais nos últimos dias, principalmente após uma publicação da estudante de artes visuais Yasmin Formiga viralizar. A paraibana diz, entre outras coisas, que a música “ajuda para que as raízes da cultura do estupro se estendam, aumenta a misoginia, aumenta os dados de feminicídio”.
— O Spotify tem os próprios termos de uso (que vetam qualquer conteúdo que “seja ofensivo, abusivo, difamatório, pornográfico, ameaçador ou obsceno”) colocados de maneira muito clara. No momento em que alguém viola esses termos, o serviço pode optar pela retirada daquele material.
Advogadas e especialistas procuradas pelo GLOBO são unânimes ao afirmar que, em termos legais, porém, a letra da música não configura apologia ao estupro.
Para ser considerado apologia, ele teria que deixar claro que a intenção de “tacar a bebida” seria para deixar a vítima inconsciente, num estado em que não teria condições de consentimento — diz a advogada Sylvia Urquiza. — Na minha concepção, a apologia teria que ser mais palpável.
Ao fazer coro, a também jurista Luiza Oliver cita o artigo 286 do Código Penal, que trata da apologia ao crime:
— Para tipificar o crime de apologia, e tratar como alguém que está incitando a prática de um crime, temos que tirar a questão do terreno do bom e do mau gosto, do politicamente e do moralmente correto. Temos que entender o que é previsto pela lei, que seria constranger alguém, diante da violência ou grave ameaça, a ter uma conjunção carnal. É uma letra de péssimo gosto, moralmente reprovável, mas não há crime aqui.

domingo, 14 de janeiro de 2018

QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO DE GÊNERO TEXTUAL (CRÔNICA)

O Charme das Feias-bonitas
Se você não é nenhuma Gisele Bündchen, não há motivo para se desesperar em frente ao espelho. Quem dera ser uma deusa, mas não sendo, há chance de ser incluída no time das interessantes. Junte nove lindas e uma mulher interessante e será ela quem vai se destacar entre as representantes do marasmo estético. Perfeição, você sabe, entedia.
Mulher interessante é aquela que não nasceu com tudo no lugar, a não ser a cabeça – e, às vezes, nem isso, pois as malucas também têm um charme diabólico. A mulher interessante não é propriamente bonita, mas tem personalidade, tem postura, tem um enigma no fundo dos olhos, uma malícia que inquieta a todos quando sorri – e um nariz diferente. São também conhecidas como feias bonitas.
(...)
Esse gênero de mulher não figura nos anúncios da Lancôme e não possui um rosto desenhado com fita métrica: olhos, boca e nariz a uma distância equilibrada um dos outros. Nada disso. A feia bonita é aquela que não causa uma excelente impressão à primeira vista. Ao contrário, causa estranhamento. As pessoas se questionam. O que é que essa mulher tem? Ela tem algo. Pronome indefinido: algo.
Ficar bonitinha, muitas conseguem, mas ter algo é para poucas.
(...)
·         Lancôme; marca francesa de cosméticos.

1.    A crônica é um gênero textual que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. Em se tratando da crônica em análise, o assunto abordado destaca
a)    as mulheres padronizadas pela sociedade
b)    as mulheres coagidas pela indústria da moda
c)    as mulheres preteridas por um mercado exigente
d)    as mulheres representativas de um perfil ordinário
e)    as mulheres representantes de uma beleza extraordinária

2.    Entre as características pertinentes ao gênero crônica, estão presentes no texto de Martha Medeiros
a)    uso de metáforas e de discurso direto
b)    narração em 3ª pessoa e uso expressivo da pontuação
c)    criticidade e narração restrita a uma problemática pessoal
d)    interpretação e subjetividade temática a partir de perspectivas da autora
e)    ausência de reflexões de cunho pessoal e emprego de linguagem em prosa poética.

3.    “Quem dera ser uma deusa, mas não sendo, há chance de ser incluída no time das interessantes...” De acordo com o texto, é possível afirmar que
a)    uma deusa é intrigante
b)    a mulher interessante é célebre
c)    a mulher interessante é intrigante
d)    uma mulher feia-bonita é desinteressante
e)    uma mulher linda é mais notória que uma interessante

4.    “Junte nove lindas e uma mulher interessante e será ela quem vai se destacar entre as representantes do marasmo estético. A expressão destacada, nesse contexto específico, significa que
a)    a beleza é intrínseca à mulher interessante
b)    a beleza da mulher interessante é melancólica
c)    a beleza apresenta-se como inerente à estética
d)    a beleza torna-se banal ante a uma mulher interessante
e)    a mulher linda e a mulher interessante são esteticamente iguais

5.    “A mulher interessante não é propriamente bonita, mas tem personalidade, tem postura, tem um enigma no fundo dos olhos...” A conjunção adversativa em destaque evidencia, logo em seguida, características que
a)    tipificam a mulher interessante na possível falta da beleza
b)    depreciam a mulher interessante em detrimento da beleza
c)    desvalorizam a mulher interessante na ausência da beleza
d)    rebaixam a mulher interessante em decorrência de não ter beleza
e)    prejulgam a mulher interessante por possuir uma beleza diferenciada

6.    “Esse gênero de mulher (...) não possui um rosto desenhado com fita métrica: olhos, boca e nariz a uma distância equilibrada um dos outros.” Segundo o excerto, a mulher interessante é desprovida de
a)    estigmas
b)    qualidades
c)    estereótipos
d)    imperfeições
e)    padronizações

7.    “As pessoas se questionam. O que é que essa mulher tem? Ela tem algo. Pronome indefinido: algo.” Esse ALGO é o elemento que torna a mulher interessante particularmente
a)    linda
b)    simpática
c)    charmosa
d)    estonteante
e)    deslumbrante

8.    Segundo a cronista, a mulher interessante tem vantagens em relação as demais, como se pode perceber no trecho
a)    “Quem dera ser uma deusa, mas não sendo, há chance de ser incluída no time das interessantes”
b)    “Junte nove lindas e uma mulher interessante e será ela quem vai se destacar...”
c)    “São também conhecidas como feias bonitas.”
d)    “As pessoas se questionam. O que é que essa mulher tem?”
e)    “. A feia bonita é aquela que não causa uma excelente impressão à primeira vista.”

9.    “Perfeição, você sabe, entedia.” Das passagens abaixo, a que melhor representa a concepção da autora sobre perfeição é
a)    “Gregos exaltavam a beleza do corpo”
b)    “Os nórdicos têm os rostos mais simétricos do mundo.”
c)    “A beleza só dura 15 minutos, depois é preciso talento.”
d)    “As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”
e)    “Os italianos são considerados os homens mais bonitos do mundo.”

10.  A crônica “O Charme das Feias-bonitas” exalta
a)    uma beleza clássica
b)    as mulheres bonitas
c)    um elemento diferencial
d)    uma sociedade narcisista
e)    as modelos de passarela

GABARITO
1.    D
2.    D
3.    C
4.    D
5.    A
6.    E
7.    C
8.    B
9.    C
10.  C