A
partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija um texto
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema O transgênero em questão na sociedade brasileira:
vantagens ou direitos? Apresentando
proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.
Texto 1
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum
destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume
no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto
intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
Texto 2
http://operamundi.uol.com.br/dialogosdosul/2030-e-o-momento-da-igualdade-de-genero/08042015/
Texto 3
Divisão no esporte deve ser por gênero ou
sexo?
Caso da jogadora de vôlei Tiffany impulsionou debate sobre regras para
transgêneros no esporte. Antropólogos e médicos ressaltam complexidade da
questão e dificuldade de definir critérios
O caso da jogadora Tiffany Abreu, a primeira
transgênero a atuar na Superliga feminina de vôlei, vem causando polêmica. A
recente contratação da atleta pelo Bauru, autorizada pela comissão médica da
Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), desencadeou um debate sobre a possível
vantagem de uma transgênero, nascida homem, sobre as demais jogadoras e os
critérios adotados em casos como esse.
Hoje o Comitê Olímpico Internacional (COI)
permite a participação em competições de pessoas que passaram do gênero
masculino para o feminino desde que sejam observadas algumas condições, como
nível de testosterona abaixo de 10 nanomol/litro nos últimos 12 anos e que a
atleta se declare como do gênero feminino há pelo menos quatro anos. Já para os
transgêneros que fizeram a transição do feminino para o masculino não há
qualquer restrição.
As regras, no entanto, podem variar de esporte
para esporte, de organização para organização e de país para país. Segundo Eric
Anderson, professor de esporte, masculinidade e sexualidade na Universidade de
Winchester e um dos organizadores do livro Atletas transgêneros em esportes
competitivos, essa é uma questão complexa. "A mera presença de atletas
transgêneros questiona a divisão de gênero binária sobre a qual o esporte se
estabelece."
Para o endocrinologista Guilherme Almeida Rosa,
professor da Unirio e especialista de tratamento de transgêneros, um
ponto-chave para discutir a questão é o critério para divisão dos times.
"O vôlei é feminino, não de mulheres. É uma questão de gênero, não é só
uma questão de sexo. Essa pessoa não pode competir no masculino porque ela é
feminina, ela é uma transgênero feminino", afirma.
Regras justas?
Tiffany nasceu homem, mas hoje se identifica
com o gênero feminino. Ela passou por cirurgia de adequação sexual e tratamento
hormonal, isto é, a testosterona produzida por seu corpo foi bloqueada, e ela
passou a utilizar o hormônio feminino estrogênio. Entre as mudanças provocadas
pelo tratamento estão a diminuição da massa muscular e da força, a
redistribuição da gordura corporal, o crescimento dos seios e o atrofiamento
dos testículos.
Apesar de estar dentro das regras atuais, a
participação esportiva de Tiffany não é consenso. Em dezembro de 2017, a
ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel questionou em tuíte que tal permissão não
seria justa porque Tiffany só começou o tratamento hormonal após a puberdade e,
portanto, chegou a desenvolver características masculinas.
Segundo Almeida, o processo de feminização
geralmente dura de três a cinco anos e, mesmo depois de concluído, isso não
significa que o tratamento hormonal tenha que ser interrompido.
O endocrinologista explica que, apesar das
mudanças provocadas pela terapia hormonal, características como a estrutura
óssea não se alteram. No entanto, para afirmar que Tiffany levaria vantagem por
ter mais resistência física e mais força, seria preciso apresentar dados e
compará-los com a resistência força física das demais jogadoras.
Nesse caso, se a força e resistência da atleta
transgênero for superior, o especialista defende que ela passe por um período
de adequação da sua composição corporal e das suas capacidades físicas, para
além da regulação de testosterona.
A pesquisadora em antropologia social Barbara
Pires, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que há outros
fatores, além dos hormonais, gerando desigualdades entre as atletas, desde
amparo técnico e qualidade dos centros esportivos até alimentação e suplementos
nutricionais. "É muito difícil para a própria literatura médica entender
como tudo está envolvido, e não só o hormônio determina tal característica."
(...)
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