GÊNEROS
TEXTUAIS – ARTIGO DE OPINIÃO
Diante do diagnóstico de
zika, é uma atitude viável que as grávidas optem pelo aborto preventivo, para
evitar que tenham uma criança com microcefalia?
elianemedufc@gmail.com
Médica
e professora doutora da Universidade Federal do Ceará (UFC)
A concepção é o
momento comprovado cientificamente da formação da pessoa, com direito absoluto
à vida, sem nenhuma relativização. A vida humana é um bem anterior ao direito;
logo, não existe licitude em qualquer ato que possa ceifar esta vida.
A afecção pelo
zika vírus é uma calamidade e há décadas convivemos com o mosquito, sem gestão
adequada da situação; e eliminar os bebês doentes não é a solução.
Na visão de mundo
hedonista pragmático utilitarista, o ser humano é uma coisa indesejada quando
não é útil à sociedade. Reivindicar o abortamento de um bebê microcefálico é
uma cruel e degradante insânia coletiva. É transformar a criança indefesa,
inocente, deficiente e vulnerável, em um sub-humano sem direito a cuidados especializados;
aborto eugênico para eliminar bebês defeituosos, um holocausto. Isto é uma
nefasta ruptura constitucional, discriminar um bebê deficiente, impondo pena de
morte para um réu sem direito de defesa. Homicídio uterino pelo peso emotivo e
econômico? Vamos eliminar o drogado, o senil e outros deficientes? O que é
perfeição? A criança normal tem mais direito à vida? A medicina passará a
exterminar deficientes físicos ou mentais, ao invés de curar, aliviar a dor,
confortar? E as consequências biológicas e psicológicas do aborto, autêntica
violência contra mulher?
O ser humano
sempre será um fim em si mesmo; a criança não precisa ser perfeita, mas ter uma
vida digna de ser vivida. O Estado existe em função da pessoa, sua principal
atuação deve ser de acabar com a pobreza, prover educação integral, informação,
condições sanitárias dignas, acesso a cuidados de saúde de qualidade e orientar
o planejamento familiar. Urge amparar, proteger e respeitar a vida humana intra
ou extrauterina, acolher a família. Não há direito sobre a vida; há um direito
à vida.
1. O produtor de um
artigo de opinião precisa criar uma base de orientação linguística que lhe permita
alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido.
Diante disso, nesse texto, a escolha das perguntas retóricas, no terceiro
parágrafo, objetiva
a) criar uma relação de
subordinação entre leitor e autor.
b) estimular a
reflexão do indivíduo sobre o assunto defendido.
c) demonstrar ao
leitor sua parcela de responsabilidade em casos de aborto.
d) enfatizar a
probabilidade de que toda população brasileira seja contra o aborto.
e) indicar o ponto de
vista de que hoje as pessoas são a favor do abortamento.
2. Os gêneros
textuais, seu contexto de uso, sua função específica, seu objetivo comunicativo
e seu formato mais comum relacionam-se aos conhecimentos construídos
socioculturalmente. A análise dos elementos constitutivos desse texto demonstra
que seu propósito é
a) prevenir sobre os
riscos da contaminação por zika vírus.
b) expor a
negligência do poder público com a microcefalia.
c) informar a
respeito dos problemas decorrentes do aborto.
d) arbitrar em
relação ao aborto preventivo de microcefálicos.
e) orientar acerca
dos cuidados com a saúde de bebês defeituosos.
3. A principal função
social de um texto argumentativo é a defesa de um ponto de vista; pode-se
afirmar, portanto, que a essência dessa tipologia é uma tese, um posicionamento
crítico que, no caso do artigo em análise, está representado no trecho
a) “A concepção é o
momento comprovado cientificamente da formação da pessoa.”
b) “A vida humana é
um bem anterior ao direito”
c) “A afecção pelo
zika vírus é uma calamidade”
d) “Na visão de mundo
hedonista pragmático utilitarista, o ser humano é uma coisa indesejada quando
não é útil à sociedade”
e) “O ser humano
sempre será um fim em si mesmo”
4.
“A afecção pelo zika vírus é uma calamidade e há
décadas convivemos com o mosquito, sem gestão adequada da situação; e eliminar
os bebês doentes não é a solução.” Nesse trecho, a autora destaca que a solução
encontrada para a solução do problema seria
a) inócua
b) perene
c) paliativa
d) pungente
e) emergencial
5.
No texto, a autora usa um repertório sociocultural
produtivo para dar consistência aos argumentos defendidos. Esse repertório pode
ser sintetizado, principalmente, pelos termos ou expressões
a) concepção –
relativização – licitude
b) afecção –
calamidade - gestão adequada da situação
c) abortamento de um
bebê microcefálico - insânia coletiva – deficiente
d) visão de mundo
hedonista pragmático utilitarista - aborto eugênico – holocausto
e) vida digna -
educação integral - condições sanitárias dignas
6.
A configuração autoral e o projeto de texto em
estudo vêm por meio de um vasto conhecimento sobre o tema abordado, que se
apresenta, respectivamente, por
a) definições,
constatações, arguições e soluções
b) arguições,
definições, soluções e constatações
c) arguições,
definições, constatações e soluções
d) definições,
constatações, soluções e arguições
e) constatações,
definições, soluções e arguições
7.
Na tipologia argumentativa, o convencimento do
interlocutor aparece por meio de marcas linguística persuasivas ou de juízos de
valor, como destacado no trecho
a) “A concepção é o momento comprovado
cientificamente”: verbo de ligação
b) “...não existe licitude em qualquer ato que possa
ceifar esta vida.”: substantivo derivado
c) “...eliminar os bebês doentes não é a solução: forma nominal no
infinitivo
d) “Isto é uma nefasta ruptura constitucional...”:
adjetivo
e) “...respeitar a
vida humana intra ou
extrauterina...”: radicais
8.
“A concepção é o momento comprovado cientificamente
da formação da pessoa, com direito absoluto à vida, sem nenhuma relativização.” A expressão destacada indica, nesse
contexto, que
a) o aborto é
relativamente proibido
b) o aborto é
absolutamente reprimido
c) o aborto é
proibido em alguns casos
d) o aborto é legal
em situações específicas
e) o aborto é
permitido na maioria dos casos
9.
Algumas escolhas lexicais reforçam a
argumentatividade textual, a exemplo do item
a) “...que possa ceifar esta vida.”
b) “...o ser humano é uma coisa indesejada...”
c) “...é uma cruel e degradante insânia coletiva.”
d) “...discriminar um
bebê deficiente...”
e) “O Estado existe em função da pessoa.”
10.
A
intervenção, para a solução levantada na problematização, coloca como principal
agente o (a)
a) família
b) obstetra
c) genitora
d) população
e) poder público
GABARITO:
1. B
2. D
3. B
4. A
5. D
6. A
7. D
8. B
9. C
10. E
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