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TEMA E CONSTRUÇÃO DA TESE
Um dos grandes erros do redator é, muitas vezes, falar
apenas do eixo temático da proposta e se esquecer de construir uma tese em cima
também dos satélites lexicais que circundam o tema. Por exemplo, em 2013, o
tema da redação do ENEM foi OS EFEITOS DA IMPLANTAÇÃO DA LEI SECA NO BRASIL.
Muitos candidatos não alcançaram a nota máxima nas competências II e III porque
discorreram apenas sobre a Lei seca brasileira e não desenvolveram uma tese que
abrangesse os efeitos da implantação da
Lei. Portanto, observe se o desenrolar da sua redação contempla o eixo temático
da proposta: neste exemplo, (Lei seca) e, principalmente, se abrange os
satélites lexicais que complementam semanticamente o tema proposto: neste caso,
(os efeitos da implantação e Brasil).
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INTRODUÇÃO
A
introdução é uma das partes mais fundamentais do texto. É ela que, de pronto,
encanta o corretor. É logo no parágrafo introdutório que o participante deve
fugir do tangenciamento. Por isso, inicie seu texto situando o tema num
contexto histórico geral; em seguida, insira a temática num contexto histórico
brasileiro e, através do marcador temporal adverbial HOJE, construa a tese já
embasada na temática exigida na proposta, ou seja, situando seu comentário à
luz da atualidade.
Numa
proposta cujo tema fosse, por exemplo, A QUESTÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL,
veja um exemplo de introdução:
Desde a época dos filósofos pré-socráticos naturalistas,
o homem acreditava que só poderia viver em harmonia se estivesse em equilíbrio
com a natureza, na qual, para esses pensadores, estava o princípio (arché) da
origem e composição do Universo. A
partir da década de 70, preocupados com os avanços das problemáticas
ambientais, os líderes globais idealizaram várias conferências com o intuito de
propor ideias de preservação verde. Hoje, em especial, o Brasil - país que
possui um dos maiores potenciais ecológicos do mundo - vive imerso numa crise
ambiental sem precedentes, que tem como um dos maiores incitadores o caráter perdulário
da população brasileira.
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TIPOLOGIA
Outro
grande problema do candidato é, na preocupação com o repertório sociocultural,
redigir apenas um texto dissertativo,
rico em informações históricas, sociológicas filosóficas... no entanto,
esquecer-se de argumentar, de
apresentar um ponto de vista explícito
sobre o tema. Essa argumentação pode vir através de palavras, de expressões, de
enunciados de força que configurem autoria.
Exemplo:
Hoje, em especial, o Brasil - país que possui um dos maiores potenciais ecológicos do
mundo - vive imerso numa crise
ambiental sem precedentes, que tem como um dos maiores incitadores o
caráter perdulário da população
brasileira.
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CONTRA-ARGUMENTO
O
contra-argumento não é obrigatório à proposta do ENEM, mas traz ao texto outra
óptica sobre a tese defendida, demonstrando, inclusive, uma certa perícia na
construção da argumentação. Por exemplo, ainda seguindo a temática ambiental, o
participante poderia construir um comentário contra-argumentativo sobre a
questão das dimensões continentais do Brasil e, a partir de então, abordar que
esse aspecto do país dificulta a fiscalização em se tratando, principalmente,
da questão do desmatamento, das queimadas, do desperdício... o que só reforça a
cultura da perdularia no país.
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INTERVENÇÃO
A
intervenção é o “calcanhar de Aquiles” de muitos candidatos, pois, muitas
vezes, o participante constrói um texto perfeito, mas se esquece de propor sugestões de melhoria à
problemática desenvolvida. Muitos só concluem a redação, mas não intervêm como
forma de solucionar os problemas que foram elencados anteriormente. Da mesma
forma, as soluções propostas devem estar articuladas aos problemas apontados no
texto e não aparecerem meramente de forma desconexas e desatreladas de tudo que
fora argumentado. Na intervenção, não podem também faltar os dois agentes, as
ações bem detalhadas e a finalidade do que está sendo proposto. Ainda seguindo
o exemplo da questão ambiental no Brasil, leia-se:
Logo, faz-se imprescindível que o Ministério
do Meio Ambiente ponha em prática os artigos da Lei do Código Florestal que regem as
questões ambientais no Brasil, por meio de uma fiscalização mais efetiva e
contumaz no que tange às infrações que degradam o meio ambiente brasileiro; essas
inspeções podem ser deliberadas com a contração de mais agentes para compor os
órgãos fiscalizadores. Faz-se, fundamental, sobremaneira, que as Secretarias
Estaduais de Educação idealizem projetos transversais de educação ambiental a
serem trabalhados nas escolas, em coparticipação, principalmente, com as
disciplinas de geografia e de biologia, a fim de instruir o educando do quão
essencial é se viver em uma sociedade mais sustentável, pois como diria Sêneca: “Se vives de acordo com as leis da natureza, nunca serás pobre.”
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